top of page
Buscar
  • Foto do escritorSandra Tavares

Pantanal, Tao, ICMBio e Eleições

Atualizado: 30 de jun. de 2022


Pós pandemia nos chega nas telas dentro de cada casa uma nova proposta da novela dos anos 90 Pantanal...exatos 32 anos depois. Lembro-me bem de assistir a primeira versão com meus 13 anos. Comecei a acompanhar já no Globo Play, sempre atrasada em relação aos capítulos do dia a dia da programação aberta.


Mas para mim está sendo muito bom me reconectar com o Brasil. Com o Pantanal e sua exuberância...bioma este que é a máxima do nosso Brasil, Assim como a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, o Pampa, etc...e o bioma marinho com esse litoral tão majestoso que este Brasil possui.

Para além da novelinha, e fui criada vendo novelas e saboreando o seu significado de um outro tempo que a vida dá, e para além da trama de encontros e desencontros dos personagens, sejam eles protagonistas sejam eles coadjuvantes, fantástico ver um personagem mais do que taoísta: o Velho do Rio, interpretado pelo brilhante ator Osmar Prado.

Com suas frases profundas, que nos fazem refletir, ele nos transporta para um coração da natureza. Para o TAO propriamente dito. Para essa energia criadora que está em tudo de mais natural, como rios, matas, florestas, cachoeiras, animais. Uma dessas frases foi: "É melhor estar na pele da sucuri do que na pele do homem, porque é mais fácil ser sucuri do que ser homem". Essa frase por si só já me marca, pois somente o Tao em essência importa. Nesse sentido estar numa sucuri parece ser estar na essência do TAO. Ser homem, com suas balançadas e caídas, ora titubeando buscando ser um ser melhor ora caindo nas mesmas ciladas que a vida o apresenta...esse ainda um dia chega lá...nessa essência do TAO. Já a sucuri. Esta está mergulhada no TAO, seja nadando, seja fazendo suas presas...vivendo ou morrendo.


Ver as paisagens belíssimas do nosso Pantanal...desse Brasil...me fez perceber o quanto somos ricos, em tantos sentidos. E como somos miseráveis em tantos outros que não nos cabem aqui neste texto. Eu trabalho numa instituição que cuida do Pantanal, um patrimônio natural ambiental protegido por lei e chamado Parque Nacional do Pantanal Matogrossense. Amo meu trabalho. Deus não poderia ter sido mais bondoso comigo ao me colocar numa instituição que cuida de tanta riqueza natural deste Brasil: o ICMBio.

A Juma, como que uma espécie de Brooke Shields (do filme A Lagoa Azul/1980), traz a representação da pureza da criança, de quem ainda desconhece o amor no seu sentido carnal. Assim como lá em 1990, aqui em 2022 a leitura permanece a mesma. A inocência e seu valor maior. A pureza enquanto estado de um espírito maior. E ela traz a nobreza da criança, do puro, do imaculado, do amor antes da carne, do amor primeiro no coração e depois em outras partes do corpo. De um amor de alma que parece escasso em tempos onde a juventude experimenta muitas coisas menos o toque na alma. Ambas tem o rosto de criança, o sorriso da criança...os furinhos nas bochechas...os cabelos naturais ao vento, o sorriso espontâneo quando algo as alegra. A criança. O puro.

Mulheres são sempre espetaculares na trama das vidas, sejam elas quais forem. Filó, Dona Maria (Bruaca para o horrendo marido), interpretadas por Dira Paes e Isabel Peixeira, estão surpreendendo pois ambas mulheres calejadas, são extremamente guerreiras e não entregam os pontos. Mulheres de sonhos, desejos, expectativas, mulheres da espera, e ao mesmo tempo da determinação do tempo. Mulheres e sua magia. Sua magnitude. Seu poder. O feminino quando se apresenta no mundo ele ousa sempre. Sempre.

E todo devem estar se perguntando o que isso tudo tem a vem com eleições presidenciais...que estão vindo aí nos próximos meses. Estar em um órgão ambiental e ver o que o Brasil possui de potência e riqueza, e ao mesmo tempo ver o tem sido destruído nos últimos 6 anos desde a ascensão de Temer...e a eleição do Bozonaro me faz crer nesse Brasil que é lindo de se ver, nesse Brasil potência, nesse Pantanal estupendo...e em tantos outros biomas magnânimos como a nossa Amazônia.


Os crimes e tudo o que vem acontecendo. O aumento da fome e da miséria. Pessoas sem trabalho com carteira assinada, vivendo na informalidade. Os preços da comida absurdos, do gás...e o lucro dos bancos e o império dos privilegiados mantendo-se inabalado. Tudo isso me faz crer que o Brasil é tudo, menos isto que estamos vivendo.


O Brasil é a sua biodiversidade, sua riqueza, seu povo, as inúmeras culturas dentro da cultura brasileira...do índio, do negro, do europeu, dessa mistura, dessa culinária riquíssima, das cores, das paisagens, como já dizia Câmara Cascudo. O Brasil é tudo menos esse escárnio dos últimos tempos. O Brasil é também mudança. É guinada. É resposta. E é transformação. O Brasil é como a chalana...o Brasil é mudança de rota!


O personagem vivido pelo cantor e ator Almir Sater, o chalaneiro Eugênio, apenas faz a anos o mesmo trajeto, levando e trazendo as pessoas pelo rio no Pantanal. Há quem chegue e há quem parta. E ele sempre ali, com uma frase, uma escuta. Mas a escuta do que a fala. O silêncio como mestre. O vazio do trajeto do rio como espaço de morada.


Essa chalana e esse chalaneiro pra mim são a rota nova...e o novo caminho. São a mudança. A transformação. Como se diz, não se banha no mesmo rio nunca. Porque o rio nunca é o mesmo.
O Brasil não vai viver essa SOMBRA de novo nunca mais e com certeza também não será o mesmo depois dessa cicatriz na sua história...essa ferida a mostrar que um dia ali já foi sarado e são. Mas o Brasil não há de dizer sim pra ferida. O Brasil há de dizer sim pra chalana.
Pois não se trata do 'Ele não.'...mas sim do 'isto NUNCA MAIS!'
E viva a nova rota!






31 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Tavares

Gen

bottom of page