Imperador e General
- Sandra Tavares

- 25 de set.
- 5 min de leitura
Atualizado: 3 de out.

Tem um vídeo no Canal O Segredo dos Mestres, do Dr. Min Meng Yen chamado Qual o segredo do Imperador?. Resumidamente ele fala que na China antiga os imperadores não viviam muitos anos, e morriam relativamente jovens - aos 45 anos de idade. Os monges viviam em média 68 anos e os médicos (de Medicina Chinesa) chegavam aos 75 anos.
Mas um Imperador em particular viveu até os 88 anos de idade. O segredo, segundo Dr Min explica em seu vídeo, é que que ele conseguiu fazer algumas coisas que outros não tinham feito: ele praticava atividade física (andava a cavalo); ele estudava muito (lia bastante, tinha uma escrita harmoniosa e caligrafia que transmitia paz); tomava chá Uolong e ele cultivava a própria paz interior.
Porque eu estou tratando desse assunto especificamente? Todos queremos viver muito, e viver bem. Ninguém que eu conheça, que esteja com uma saúde mental minimamente boa, quer morrer. Morrer hj, morrer aqui, agora, já. Todos os seres vivos por natureza estão numa espécie de plasma, numa luta infinita para o equilíbrio, reequilíbrio e vida. É da natureza a luta pela vida!
E parece que existem alguns segredinhos no meio desse caminho, ou desse existir liquefeito. Alguns parece que vêm naturalmente com esda capacidade de ver além. De perceber e seguir por uma rota diferente de outros, que mergulham em suas próprias questões e se perdem nelas, adoecidos. Esse Imperador Qinlong devia ter uma vida boa, imagine...ser imperador. Mas também deve ter tido os seus perrengues.
Como todo o qualquer ser humano sobre esta Terra e sob este Céu. O que ele fez com os limões que a vida lhe deu é que fez toda a diferença. E tem pessoas, sem serem imperadores na China antiga, que conseguem, no contexto moderno em que vivemos, também fazer dos limões sua bela limonada (ou caipirinha)...
Esse tema - Imperador - tem batido à minha porta tem um tempo. Fico me perguntando por quê. Estudando Medicina Tradicional Chinesa percebo que há um imperador interno, dentro da gente. O Nosso CORAÇÃO. Considerado o Imperador entre os 5 órgãos internos - e se é imperador acredito eu comanda os outros 4 - pulmão, rim, baço e fígado.
Me batem na porta as perguntas: E o que a gente tem feito ao longo da nossa vida como nosso coração? A gente tem escutado ele? E se a gente o escuta, o que ele nos diz? Não na correria mundana, mas no silêncio de nosso mais íntimo momento.
Sobre o que ele diz...estamos de fato ouvindo? Ou a gente ouve, mas não ouve? Estudando o curso Diagnóstico de Ouro da MTC, de Raquel Terra, começo a aprofundar mais. E que rico é este conhecimento de mais de 3 a 6 mil anos. Antes a medicina estava conectada totalmente à Natureza, ao Céu, às Estrelas como o Sol.
Ter vindo parar a pouco mais de 6 meses em uma cidade do interior - Santa Teresa-ES - acompanhando - toda a família - o nosso adolescente que passou no IFES, foi um ato em que não pensei duas vezes. Simplesmente desmobilizamos uma casa, e colocamos os objetos em um novo espaço. Ouvi o meu Imperador que dizia em meu íntimo silêncio: acompanhe esse lindo jovem em formação...ele pode não precisar, mas se precisar você estará por perto, para uma palavra, um abraço, um afago no cabelo...uma escuta.
Já fui adolescente e sei que essa fase é muito emblemática. Cheia de altos e baixos. Em um dia o sol está mais radiante, no outro queremos desaparecer. Tudo é intenso. E o pisciano super sensível que saiu desse ventre aqui não é diferente. Cresce a cada dia e está se tornando um homem muito especial para este Mundo. Assim como o caçula que adentra a pré adolescência.
Estou dando essa volta em Santa Teresa-ES porque o Imperador, o nosso Coração, talvez seja como o outro Imperador - o Qinlong, pois ele, o nosso coração, também quer cavalgar, também quer ler e estudar, também quer ter uma letra bonita e harmoniosa, e também quer ter momentos com chás quentinhos.
Essa bomba magnânima, chamada coração, não pára. Já parou pra pensar nisso? Ele está a todo tempo como um maestro regendo a orquestra de tudo o que acontece dentro de nós. Não apenas fisicamente, biologicamente, mas espiritualmente. A escolha é nossa de ouvi-lo.
Todos nós queremos esses momentos simples e bons ao lado de todos aqueles que amamos. Todos nós queremos nutrir a nossa paz interior, mesmo que para uns seja mais difícil. Todos sabemos que o ingrediente secreto desse Imperador é o sentimento AMOR. Por nós mesmos, nos entendendo com todas as nossas sombras, mas toda a nossa LUZ! E amor pelos outros seres. Desde aqueles que estão ao nosso lado, àqueles que nem conhecemos, como pessoas que sofrem em guerras ou com fome.
Um Imperador que impera mesmo sabe da dor do mundo, da sua dor...e chora, e sente, e vive essa dor como parte da sua dor também. COMPAIXÃO - COM PAIXÃO. O que é bom, é bom pra todos. O que dói, dói em todos também.
Mas quero adentrar um outro território. O do General. Em um império - o Imperador ordena...e o General executa. É para guerrear? Tropas a postos, e lá vamos nós. Guerreiros daquele reino a lutar por mais terras, mais posses, ou contra alguma ameaça ou invasão. Nosso general interno é o fígado. Ele representa a nossa reatividade, nossa expansão. Nossa madeira que atravessa a terra e quebra calçadas, como as raízes de uma grande árvore.
No fígado manifesta-se nossa ira, raiva, reatividade, vontade de esganar alguém, vontade de voar no pescoço daqueles que nos tiram a paz (aquela, a interior, que o imperador Qinlong sabia cultivar bem). No fígado tbm desembocam nossas mágoas de todos aqueles que já 'pisaram na bola' com a gente. A gente perdoa, diz que esquece, mas a memória está ali. A defensiva se faz. Como a dos guerreiros em plena batalha e estratégia de guerra. A arte do perdão verdadeiro de torna o desafio.
E as frustrações? E tudo aquilo que a gente tinha desenhado bonitinho que aconteceria em nossa vida...e que se deu de forma diferente? E aceitar que isso aconteceu...que está sendo diferente e que tá tudo bem? Como que a gente faz pra isso ficar bom? Já diz minha querida terapeuta Marieta Messina, do Espaço Tempo para Você. Não adianta nada 'chorar sobre leite derramado'. Ou melhor, chorar não só pode como deve ser feito. E não é a toa que o fígado se abre no líquido lágrima...chorar sempre funciona. Permanecer no choro é que não.
Não saiu como o sonhado, mas tem sim como ficar de um jeito que você olhe pra isso e ressignifique, coloque um novo olhar, um colorido diferente. Então esse Imperador e esse General estão muito intimamente ligados. Porque um sabe o que tem que ser feito a partir do sentir, e o outro sabe o que tem que ser feito a partir do agir.
E se a gente ressignifica a raiva, a mágoa e a frustração...e coloca no lugar a ação assertiva, o foco pautado no autoamor e no amor a todos? Será que pode ficar bom?
Dr Sérgio Felipe de Oliveira nos fala que o coração é o primeiro a se formar em um bebê (até a 3a semana). E esse coração inicialmente tá acima, onde fica nosso cérebro, para somente depois de algumas semanas descer e se abrigar no peito.
Nossa consciência está nesse campo entre o coração e o cérebro. Não se forma o coração sem a força do espírito.
Que tal começarmos a nos ver por novos e outros olhares? Por isso a música, a arte, o autoconhecimento são alguns dos caminhos possíveis de nutrição na busca por esse entendimento.
Trailler do Documentário The Body (O corpo), disponível no Prime Vídeo.




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