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  • Foto do escritorSandra Tavares

O chicote do agradecimento

Atualizado: 23 de mai. de 2023


Todos os dias acordamos e vamos para nosso trabalho dar o nosso melhor possível, certo? Quem imaginar no final do expediente parar dentro de uma ambulância, que levante a mão. Acho que ninguém, não é mesmo? Quarta, 17 de maio, tive um chicotinho a me lembrar da importância de AGRADECER, AGRADECER e AGRADECER. Mais do que já o faço.

Voltando do trabalho, motorista e mais dois amigos, batem na traseira do nosso veículo e passo pela experiência de passar pelo efeito chicote do pescoço. Graças a Deus todos de cinto apenas fui e voltei, e o nariz sangrou um pouco (sem escorrer para fora) devido o impacto e o rompimento dos vasinhos do nariz. Na hora, o encosto de trás da cabeça foi o salvador...pois sem ele teria quebrado o pescoço. O painel que estava bem distante do banco (era uma caminhonete 4x4) garantiu que na ida e volta eu não quebrasse o nariz batendo o rosto no painel.

Quando se anda conversando com Deus da hora que se acorda à hora que se dorme...todo dia...e sempre buscando entender o que são esses seres invisíveis que nos rodeiam, a nos proteger - chamados popularmente de mentores, guias espirituais ou apenas anjos de guarda...a gente percebe que basta acioná-los que eles ali permanecem com você a fazer a escolta, a proteção e todo o acompanhamento. As coisas do invisível auxiliando no visível.


O livramento foi passar uma ambulância no exato momento da batida, e fazer todo o atendimento. Meus amigos e motorista sentiram, mas menos. Graças a Deus pois eles estavam atrás. E eu, ao perceber o nariz sangrando e um formigamento do lado esquerdo da cabeça, consigo ligar pra meu esposo, avisar o ocorrido e na sequência sou imobilizada com colar cervical e levada de ambulância para um PA-Posto de Atendimento em Ibiraçu-ES.

Durante o trajeto bate um frio imenso, bato o queixo literalmente com aquele colar cervical a impedir que meu queixo se movesse. Peço cobertor e colocam em mim uma manta térmica que mais lembrava os embrulhos prateados de aniversário que damos às crianças. Pressão alta (16 por 8) e picada no dedo para ver como estava a glicemia...que não soube qual era. Uma moça muito acolhedora - Joane - (nome parecido com o de minha irmã Joana) me acolhe e me tranquiliza. Então só me cabia acionar o campo espiritual e conversar com algumas pessoas do outro lado - minha mãe, Mestre Liu Pai Lin, Cristo e Maria.

Na conversa com eles apenas pedia que ao chegar no PA que ninguém me mobilizasse nem mexesse. Pois tantos são os casos de pessoas atendidas a tempo em situações de risco e que ao chegarem em hospitais são mobilizadas de forma equivocada e de fato são lesionadas. E a conversa foi boa. E bem compreendida. E cumprida. Eu junto com eles co-criei a minha realidade.

Lá chegando a médica do plantão apenas pediu que eu apertasse o mais forte que conseguisse as mãos dela (o aperto de mão dos conhecidos). Fiz o meu melhor, mas parece que estava fraquinho. Não havia jantado...enfim...mais a variável do trauma.


De lá seguimos direto pro Hospital Dr Jayme Santos Neves. E meu esposo foi pra lá me encontrar. O meu pensamento nas orações Ave Maria, Oração do Santo Anjo e Oração da Luz de Ouro soavam em meu coração e minha mente ininterruptamente. E o pedido aos seres de luz continuava: que ninguém mexesse em mim mais do que necessário. De lá fui direto pra tomografia de cabeça, coluna e tórax. Graças a Deus tudo normal e o neuro de plantão aparece, após muita espera numa salinha fria com o colar cervical. Parada, sozinha ali olhando pro teto.

"A senhora não teve nenhuma lesão e um enfermeiro já deve ajuda-la a se sentar", fala ele, retirando o colar servical. Ufa!!!!!!!! Que alívio ouvir aquelas palavras. Dois enfermeiros me ajudam a me sentar e sigo caminhando de vagar para uma sala com poltronas onde finalmente vejo o meu amor, o meu esposo. Vê-lo sempre foi um presente. Mas naquele dia foi um presente em todos os sentidos. Porque andei até lá, o vi com meus olhos, toquei suas mãos sentindo-as...todos esses gestos tão simples e banais feitos porque meus movimentos estavam todos íntegros.

Fiquei de molho dois dias entendendo as sensações do corpo, da nuca, um certo desconforto mas graças a Deus sem dor incapacitante. Impossível não ir pra internet ver vídeos sobre o tal efeito chicote. E um vídeo de uma moça novinha, que faz quiropraxia, me diz que fui muuuuuitooooo sortuda, pois não tive nada, grau zero de lesão. A região da nuca é extremamente importante pois simplesmente conecta o nosso computador central (mente) a toda a rede do corpo. Se essa comunicação se vai, adeus movimentos.

Eu nunca imaginei terminar um expediente de trabalho numa ambulância com aquela sirene a tocar porque a ambulância corre e agora é você que está ali dentro dela. Todas as vezes que eu vir uma ambulância agora farei uma ave maria, uma oração do santo anjo e uma oração da luz de ouro para aquela pessoa que porventura ali esteja. Como que a ajudar na abertura dos caminhos daquela pessoa. Pensarei nas pessoas todas da vida dela a se preocuparem, enfim...estamos todos conectados em uma rede de amor e de afeto. Não existem somente coisas ruins. O que acontece com uma pessoa querida afeta tantas outras pessoas que a querem bem e a amam. Enfim. Ficará esse dever de casa. Cada ambulância...orações.

E o chicote foi mesmo o chicote do agradecimento. Pois a vida é um sopro. Estamos aqui bem e amanhã...bem amanhã já não tem como sabermos. Porque perdemos tanta energia e tanto tempo com coisas menores eu ainda não entendo. Nunca entenderei na verdade. Estar vivo, andar, falar, comer sozinho, tomar um banho, correr, ouvir e enxergar, sentir cada dedinho do pé...é benção...maior do que esta não há.

A benção do DOM DA VIDA...de estar VIVA, VIVO!!!!!!!!

Não vou dizer que quero mais experiências destas, pois o chicote foi muito, mas muito bem compreendido. O que quero agora é apenas dizer a Deus e todos os seres de LUZ, OBRIGADA! E que venha mais inspirações e expirações, centrada no que verdadeiramente vale: O PRESENTE COM TODOS OS QUE AMAMOS.


Ps: dedico esse humilde texto a todos os profissionais que atuam todos os dias de forma anônima e silenciosa salvando vidas em ambulâncias e hospitais. Nossas mulheres-maravilhas e super-homens! E a meus sogros queridos que ficaram com os netos para que meu esposo pudesse ir se encontrar comigo no hospital.



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