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  • Foto do escritorSandra Tavares

O amor e o mar

Atualizado: 11 de mar. de 2023


Essas férias que passaram pudemos ir à praia algumas vezes mais do que o usual. Não foi uma nem duas vezes que me vi admirando meu esposo com as crianças na água a brincarem. Ele sempre sabe como brincar com dois meninos cheios de energia. João costuma curtir subir em seus ombros, de mãos dadas e dar saltos lá de cima, como um equilibrista. Já com Gabriel rola uns caldos e umas perseguições na água que exibem largos sorrisos. Memórias que se criam e que enraízam nesses corações para toda uma vida.

Quando olho pros lados vejo famílias inteiras na praia, pais com seus filhos, amigos jovens, um grupo somente de mulheres. A praia é um território democrático por demais. Todos pisam na areia e colocam sua canga, sua cadeira e sombrinha, muitos trabalham ofertando seus serviços: picolé, milho, empada ou aluguel de cadeiras e sombrinhas...tudo cabe naquele espaço da areia.

Conheci o mar com 14 anos de idade. Fui uma menina criança criada em Minas Gerais (Araxá) e depois no Piauí (minha cidade natal Picos), vendo o mar pela televisão. Ainda guardo a memória de entrar no mar pela primeira vez, de sentir a areia embaixo dos meus pés, e de sentir a cadência daquelas ondas que me empurravam e ao mesmo tempo me puxavam. Tive até um episódio de ter perdido o chão, engolido uns bons goles de água salgadíssima e ter sido puxada por uma mão adulta de um salva-vidas.

Minha relação com o mar sempre foi de reverência, respeito, admiração, contemplação. Nunca de muita aventura. Há quase 7 anos morando de novo próximo ao mar venho reconstruindo uma nova relação com ele. De caminhadas, de exercícios como natação e hidroginástica. Mas ainda sou uma amadora no que se refere a mergulhos ou atividades em alto mar como canoagem ou standup.

Olhando as pessoas e suas entregas para o momento junto ao mar, como vi naqueles rostos e seus respectivos corpos nessas férias, vejo o quanto o sentimento de amar, do amor se assemelha com o mar.

As férias podem ser gostosas, mas às vezes cansativas também quando se tem filhos pequenos e as demandas frequentes de alimentação, como preparo das refeições e garantir que o horário de sono seja minimamente seguido. Não foi um nem dois dias que, estressada com as demandas, pude simplesmente entrar no mar e desfrutar do momento. Sentir a temperatura da água, e com ele até conversar um pouco, fazer orações simples, agradecendo o agora. O aqui.

Tem umas frases sobre o mar bem intrigantes, como a que o o mar puxa e devolve, tira e dá. Observamos isso com o lixo, que infelizmente o homem deixa na praia, entra no mar e, nas marés, é devolvido na areia. A cadência do vai e vem das ondas mostra um fluxo, uma dança. Mar calmo, mar revolto. Maré alta, maré baixa. Onda que bate calma e onda que arrebenta. O amor - o sentimento que nutrimos em nós por aqueles que nos são especiais e de valor incalculável - ele também segue uma cadência como a das ondas do mar. Ora estamos amando transbordantemente. Ora estamos amando ali, do nosso jeitinho mais econômico, em ondas bem baixinhas.

A natureza, e a energia primordial criadora (TAO/DEUS), falam a mesma linguagem: a do amor. Poder perceber o quanto pessoas ali, relaxadas na praia, curtindo seu final de semana junto de pessoas do seu ciclo de convívio, remetem ao quanto somos todos gotas desse mesmo oceano, desse mesmo mar...amplia meus horizontes. Todos queremos o bem, o contentamento, a felicidade genuína. Mesmo aqueles que se perderam no caminho querem apenas ser felizes e viverem em paz.

O mar nos ensina que podemos tentar permanecer na frequência do afeto (por nós mesmos e pelos outros). O mar mostra que se o caminho está de arrebentação, amanhã poderemos ter um pouco de calmaria. A cadência, o fluxo, o ir e vir, a subida e descida das ondas são como o amor. O sentimento oscila, o sentimento aumenta e decresce, o amor vai e vem, nos encontros e desencontros. Nas amizades e relacionamentos que, um período estão em um ponto, e em outro período de nossas vidas seguem para outro rumo.

E está tudo bem se entendermos que os ciclos fazem parte da Natureza, de Gaia, de nós. Temos oportunidade de nos aperfeiçoarmos e nos lapidarmos em cada 'dever de casa' que a 'escola da vida' nos apresenta. Mudamos o tempo todo. Com as batidas do coração, a renovação do ar em nossos pulmões, os alimentos que ingerimos e que são processados e viram energia ou excremento. Nossas células, nossa memória, nosso sentir.

A questão é como viver bem esses fluxos do sentir, sem acumular raiva, mágoa, frustração, tristeza, preocupação, medos e culpas.


Seja lá o que chegar...tem que ser como o mar...como o bater das ondas...bater e voltar.

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