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  • Foto do escritorSandra Tavares

Férias, folia e foda-se

Atualizado: 14 de fev.




O que são as férias senão aquele momento de desacelerar, colocar-se em um plano de importância, podendo programar o que fazer, quando e com quem. Mutos sentem uma certa dificuldade em desacelerar e colocar-se na agenda. Há quem não consiga tirar férias longas, por razões diversas, tendo muitas vezes que picá-las em prestações menores. Eu geralmente tiro em dois blocos: um de 5 dias e outro de 25 dias. Um bloco que chamo de mentiroso, em que não consigo de fato deixar minha mente relaxada, e outro em que de fato desacelero e coloco-me na agenda. Este ano pela primeira vez meus 25 dias emendaram com o feriado de carnaval. Interessante poder ver a alegria das pessoas na folia. Como se os dias do carnaval fossem um passe para um novo momento. Fantasiar-se, brincar, rir, beber. E sei que tem aqueles que não curtem esse tipo de folia. Nem na juventude, nem em fase alguma.

Desde que comecei a vida digamos profissional, digo lá em meus estágios, o trabalho sempre teve uma conotação séria, de responsabilidade, de entregas e resultados. E, junto com ele, o sentimento de satisfação por ter cumprido determinada meta, ter alcançado determinado objetivo. Mas uma constatação clareia a cada ano: a seriedade com que encaro o trabalho me adoece. Pois sei que é exatamente pela seriedade que me chega mais trabalho e eu não consigo praticar o famoso 'NÃO'. Aceito tudo. Topo qualquer parada ou desafio. Chego a beirar a pessoa que acha que é porque passam o desafio, que EU TENHO QUE cumprir. O senso de responsabilidade me adoece. Por isso resolvi acolher a sugestão de uma amiga (comadre e concunhada) e ler o livro 'A sutil arte de ligar o foda-se', de Mark Manson. Ele deixa dicas preciosas de como escolher os problemas e como estabelecer sua felicidade a partir da resolução dos seus problemas previamente bem selecionados e escolhidos. Afinal, quem quer resolver tudo, não resolve definitivamente nada. Quem aceita e diz sim pra tudo, adoece.

Iniciei um tratamento nas férias, que sabotei por duas vezes no ano que passou, exatamente por conta do trabalho e desse senso de responsabilidade exagerado. A profissional, Cheila Barcelos, está trabalhando diversos desequilíbrios segundo a medicina chinesa. Terminei o ano literalmente em um pronto socorro da Unimed no da 25, natal, com uma gripe que não se curava a meses, uma tosse ininterrupta, e que depois evoluiu para refluxo e vômitos involuntários das refeições. Nunca imaginei o que poderia passar uma pessoa que passa por problemas gástricos relacionados ao retorno da alimentação de forma involuntária. Horrível. Você literalmente corre para uma pia próxima com a comida na boca. Meditei sobre o problema das pessoas com anorexia, enfim...triste demais. Voltando às desarmonias, costumo estudar um pouco a medicina chinesa como uma auto-didata curiosa, e sei que estou com desarmonias de baço-pâncreas, de rins, fígado e até mesmo coração. Dá pra saber por tudo que ela já me alertou na primeira consulta do tratamento, retornando após as sabotagens de 2023. Já se passaram 3 sessões e graças a Deus, e à Medicina Tradicional Chinesa com seus mais de 4 mil anos, os espasmos involuntários pararam, a tosse ininterrupta, e o sono aos poucos sinaliza caminhar para uma melhora, já que ela me pediu para cortar alguns alimentos, fazer treinos de chi kung e meditar diariamente.

Frases dessa profissional ecoam em minha mente até agora. 'Você só conseguirá melhorar se meditar todos os dias. É preciso governar esta mente. Pois ela consome sangue. E com isso você passa a ter deficiência de sangue'. Expressões nada usuais na Medicina Ocidental.

Comecei o tratamento como ela tem pedido que seja feito. Na primeira consulta ela me disse: 'Você vai levar o tratamento a sério desta vez, não é? Não vai abandonar como das outra vezes?'. Afirmei para ela e para mim mesma que dessa vez iria até o fim. Colocar-se na agenda envolve um tremendo AMOR PRÓPRIO. Amar esposo, filhos, trabalho, familiares e amigos e não se amar é adoecimento certo. Já posso dizer que o tratamento está fluindo super bem, já colho melhoras perceptíveis, mas tenho que rever a minha relação com o trabalho. O ano promete ser intenso mas eu não posso colocar-me em segundo plano adoecendo como aconteceu no final deste ano que passou. A férias nos permitem, no meu caso, curtir o nada e o tudo. Acordar e permanecer de pijama, ler mais livros e desabilitar redes sociais chatas e cansativas, fazer origamis e evoluir na arte de dobrar papel. Fazer pequenas viagens tendo como foco economizar em um ano que será puxado, conciliando 2 filhos em escola particular e todos os gastos advindos dessa e de outras escolhas. Sinto que pude estar mais presente, ser presença, não apenas para a minha família, mas fundamentalmente para mim mesma. Eu em minha companhia. Ligando o tal 'foda-se' do livro que tanto o autor fala, escolhendo os problemas, pois se tudo for seu problema, você adoece.




Em Itaúnas, nos poucos dias que pudemos estar lá, foi mágico ver as dunas, seu movimento e impermanência, ver meus filhos e afilhado/primo juntinhos, ter conversas leves com meu esposo, cunhado e concunhada. As dunas ensinam. Nada permanece igual em um só segundo. O pôr do sol lá é divinamente inesquecível. A água do mar morna. E o rio encantador. Se tivesse que eleger um, escolho o rio, cercado de mata, cheio de pessoas a banharem-se, felizes. João se encantou com o rio. A mãe do João mais ainda. Os dias de nada e do tudo foram especiais, pela conexão, pelo auto-cuidado, pelo preparo para o retorno em outros patamares. Pude fazer muitas coisas para mim mesma, para os que amo, afastar-me dos temas do trabalho, por vezes prazerosos, mas por vezes chatos também, sugadores, cansativos, que drenam minha energia.

Com Maurício Bakkar pude fazer um momento de análise de minha Numerologia (do meu nome) e Revolução Astral de 2024. As falas dele me deixaram bem felizes e otimistas. Um novo ano, novos posicionamentos e consequentemente resultados diferentes virão. Eu pude perceber a alegria genuína da folia não meramente carnavalesca, mas a alegria de dentro, de quando tiramos um tempo para nós mesmos, quando nos cuidamos, desde o mais simples gesto como cortar as próprias unhas, a encarar tratamentos, atividade física, dieta, mudanças de rota. Continua o lado anciã, curadora, das pedras, incensos, aromas, cheiros, leituras e rezas. E esta anciã em mim me convida a amplificar esse movimento. Alegrando-me a cada dia por cada conquista, de auto-cuidado e de auto-amor. Dar menos trela para o que pensam e o que falam, ou para o que a mente tagarela acha que pensam e que falam. Pois se pensam e falam de verdade, não temos o menor controle sobre isso. Sempre co-criamos a nossa própria realidade: para o bem e para o nosso próprio mal. Voltarei com a leveza, mas não quero que meus ombros carreguem as toneladas que estava carregando quando sai de férias. Não quero ombros enrijecidos, dores de cabeça, insônia, muitas vezes sentimentos de frustração (pois tudo no serviço público tem seu ritmo próprio). Felicidade, como diz Mak Manson, é escolher os seus problemas criteriosamente. Não quero problemas dos outros. Fico om os meus mesmo, escolhidos a dedo. Em outra curta viagem ao Rio de Janeiro nos conectamos com família, cultura, natureza. A praia do leme tem seu encanto. Ver aves mergulhando a pescar não tem como descrever. A exposição sobre a história do funk no Brasil no Museu de Arte do RJ mais encantadora ainda. Negros maravilhosos. Saberes múltiplos. Olhares estasiados! Primos a bater papo e trocar aprendizados, sem tamanho..de tão especial. Vinho em família. Boas trocas. Conversas verdadeiramente simples. Os dias passaram, a folia caminha para o fim, e fico a observar essa ansiedade do retorno, do 'eu não quero mais isso para mim', referindo-me à um senso de responsabilidade extremo, que me adoece e que já não me cabe. Como disse o meu astrólogo Maurício, dá pra ser responsável com um copo de caipirinha na mão, referindo-se a dar mais leveza. E que assim seja não apenas em 2024, mas nos anos subsequentes!

Como já disse Mário Quintana, eles passarão (os problemas), eu passarinho (a voar para longe de tudo o que não me serve mais)! Já o diga o bloco em Manguinhos-ES.



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