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  • Foto do escritorSandra Tavares

As duas asas de um mesmo pássaro

Atualizado: 26 de fev. de 2023



A cura é interna. Os recursos podem ser tanto internos quanto externos. Mas a cura vem de um lugar dentro da gente. Seja a cura física propriamente dita, ou a cura do corpo espiritual, ou chamado corpo de Qi. Desde que coleciono perdas, como a de uma criança no ventre e recentemente minha mãe neste plano físico, tenho percorrido uma jornada em busca do reequilíbrio. Entre os recursos da cura estão a música, as caminhadas, os treinos e práticas corporais chinesas que mobilizam e reequilibram o corpo de Qi ou sopro vital, além de terapia com minha querida Marieta Messina, ocupar as mãos e o coração com as dobraduras e, claro, o grande celeiro da cura de qualquer ser humano que é estar entre aqueles que ama, que é estar com a Família.


E para além de minha mãe, que perdi, tive a oportunidade de encontrar duas mulheres que marcaram e marcam minha vida todos os dias...elas nem sabem mas marcam. Soube pelas histórias que se contam que elas conviveram mais intensamente um período de suas vidas e depois cada uma seguiu sua jornada. Sobre elas duas já ouvi uma história em particular, inúmeras vezes.


A história é de que o Mestre Liu Pai Lin falava que as duas eram como as asas de um pássaro. A analogia que o mestre fazia com as duas hoje faz muito sentido para mim. E me faz ir além - e de pensar que esse pássaro pode muito bem ser representado pela Fênix - ave mitológica que segundo a net "simboliza o renascimento, o triunfo da vida sobre a morte, o eterno recomeçar, porém sem perder a essência por se tratar sempre da mesma criatura...simboliza a vida e seus ciclos, a esperança, o fato de que é preciso dar a volta por cima nas situações adversas".


O nome dessas duas mulheres é Jerusha Chang, do Espaço Luz, na Vila Madalena-SP, e Maria Lúcia Lee, ambas de famílias chinesas. Sendo que Jerusha nasceu no Brasil, mas filha de pais chineses, e Lúcia Lee chinesa cuja família se mudou para o Brasil quando ela tinha apenas 2 anos de idade. Uma, arquiteta paisagista. A outra, analista de sistemas.


Ambas mulheres. Ambas no Brasil, e no mundo, a nos ensinar o auto-conhecimento. Com Jerusha pude compreender minhas perdas a partir das formações em Tai Chi Pai Lin (2017-18) e Tuiná teórico (2021) , além de ter participado de um retiro de práticas no Vale do Matutu, em Airuroca-MG.


Com Lúcia, pude ir procurando na maravilhosa internet, conhecer suas práticas que se encontravam na Plataforma de Dança MUD - Autopercussão para Vitalidade de Corpo; Qi gong dos símbolos e Auto massagem Daoin. Depois caio em seu blog Dao das Artes Corporais e seu Canal Youtube com inúmeros encontros extraordinários de aprendizado e práticas. Com ela tive o prazer de, em plena pandemia, conhecer seu projeto Vida em Harmonia, e participar de vários encontros de práticas e aprendizados. E pude fazer o curso online este ano (2022) Autopercussão para Vitalidade de Corpo.


Uma teve como escolha seguir fiel às práticas transmitidas pelo mestre Liu Pai Lin no Brasil. Outra pôde recepcionar no Brasil e servir de tradutora para ilustres médicos e taoistas chineses, outros verdadeiros mestres, como Dr. Zhuang Yuan Ming, que criou o Lian Gong 18 Terapias, e Dr Li Ding, que nos presenteou com o Taiji Qi Gong, entre tantos outros. Esses são apenas dois exemplos. Mas o projeto Vida em Harmonia tem nos apresentado uma série de práticas que nos ajudam nesse processo de cura, nessa jornada interna.


De lá para cá já comprei livros e venho lendo, estudando, praticando. Caio e levanto. Tentando entender quando fico com raiva, quando fico triste, quando fico ansiosa. Tentando entender que alquimia é essa interna. Pois é pimba...sentiu...vem o retorno no corpo, seja um calcanhar doendo, seja uma dor de cabeça, seja uma lombar 'conversando' com você o dia todo, seja um fluxo menstrual mais intenso do que o normal. A gente vai entendendo a alquimia...o quanto as emoções influenciam em tudo em nossas vidas...fora e dentro de nós. O quanto muitas vezes nos pegamos como reféns dessas emoções. Como se elas nos capturassem e nos colocassem em alguma prisão imaginária, ilusória. E se não retomamos ao centro, e se não nos lembramos o que somos verdadeiramente, a gente adoece.


Com elas - Jerusha e Lúcia - tenho aprendido a auto-observação. Não adianta. É dever de casa diário. Todos os dias. De preferência as 24 horas do dia. Mas como às vezes estamos inconscientes nessas 24 horas e 'trafegando no piloto automático'...fica sempre ecoando o retorno, pro centro, aplainando o que se está sentindo...as emoções. Dando a elas menos importância do que elas querem ter. Não dando 'pão aos pombos em praça pública'. Sabendo que tudo bem...a gente sente. Mas e daí? Daí que temos que fazer a compostagem do 'lixo' em 'adubo' interno. A raiva não pode ficar guardada. Ela ou explode ou implode a gente. Mas podemos ok, reconhecer a danada da raiva e ir lá tentar faxinar aquilo tudo pra algo maior e melhor pra nós - em nós mesmos. E por aí vai...com a tristeza, medo, euforia, preocupação, mágoa, frustação, culpa. etc.


O mesmo para os famigerados problemas da vida. Eles batem à porta não tem jeito. Mas não é preciso oferecer uma cadeira para que fiquem. Já dizia a frase de Joseph Joubert. Porque a natureza dos problemas é essa. Brotar como mato em meio ao concreto. Você pode arrancá-los um a um. Mas logo depois eles reaparecerão. Uns matos menores. Outros maiores. Os jardineiros bem o sabem. O problema é quando a gente oferece a tal cadeira ao problema, e se agarra a ele, e o pior...o retroalimenta...com as tais emoções...na tal alquimia interna, que pode se dar para nosso reequilíbrio quanto para o nosso desequilíbrio.


Além de todas as práticas, adoro as dicas do dia da Lúcia. E adoro meditar o abraço da árvore e o abraço do Taiji com Jerusha. O Taiji Qi Gong me tranquiliza. O Tai Chi Pai Lin me energiza. O Treinamento perfumado me deixa alegre. O treino das nove dobras do corpo me prepara para uma boa noite de sono, e por aí vai...cada treino uma benção. Cada prática um presente. Mais natalino impossível. Pois natal - a palavra - remete a nascimento de algo ou alguém. Na cultura cristã sabemos que o nascimento é de Cristo. Mas dentro de nós todos os dias acontece um Natal...uma Natividade.


O nascimento de uma versão melhor de nós mesmos. E queremos sempre ser melhores. Melhores no amor. Melhores na dor. Melhores em tudo aquilo que nos cerca. Queremos apenas nos aperfeiçoar. Queremos apenas nos lapidar, como a pedra bruta que aos poucos revela alguma joia. A joia em nós está escondida. Mas ela aparece. Mais cedo ou mais tarde.


Sobre as duas - Jerusha e Lúcia - sempre quis escrever este texto. Pela frase que ouvi - delas serem as duas asas de um pássaro. Admiro cada uma voando seu mais belo e autêntico vôo. A elas honro todo o legado, todo aprendizado, todo compartilhamento de conhecimentos de forma tão bonita, tão sincera. Ambas têm um coração onde reside muita compaixão. E nós somos presenteados. É assim que me sinto.


Já vi fotos de ambas...fotos belíssimas. E deixo aqui aquelas que mais gosto. E tive o privilégio de ver os origamis que dobro nas mãos de Lúcia. E de estar ao lado numa foto com Jerusha. Espero ainda conhecer Lúcia pessoalmente. Não sou de ídolos. Mas elas são pessoas inspiradoras. Acho que se tivesse que eleger um conceito para ídolos seria esse: de que o ídolo é aquela pessoa que te inspira. E elas me inspiram. Obrigada Jerusha! Obrigada Lúcia!


Compartilho abaixo um vídeo histórico, de 1979, quando eu tinha apenas 2 anos, que achei no Canal Youtube de Camelozen. Lindo e esclarecedor por demais do que é o TAIJI. E algumas fotos dessas mulheres mais que especiais. E é claro, do Mestre Liu Pai Lin.


Com esse texto encerro o ano de 2022. Feliz Natal...Nascimento...a todos!






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