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  • Foto do escritorSandra Tavares

Céu

Atualizado: 5 de out. de 2022




Quando pensei em um texto sobre o céu, era mais ou menos próximo do Dia dos Pais (2o domingo de agosto). Minha ideia era escrever algo para a linhagem masculina familiar, meu esposo, meu pai, meu irmão (que será papai pela 1a vez), meu sogro querido e cunhados. O processo intuitivo de esperar, como um fluxo, um curso, uma marcha me fez mudar a rota. A conexão a ser feita seria a partir do Yang (Masculino/Céu)...em complementação ao Yin (Feminino/Terra).


Mas a mudança veio porque nessa espera intuitiva...sonhei pela primeira vez com minha mãe. Sim. Depois de quase um ano de sua passagem. "Antes da forma vem a não forma. Antes do corpo vem o espírito." Frases como esta ecoam em minha mente, meu coração, ouvidas da boca de Jerusha Chang na formação em Tai Chi Pai Lin, no Espaço Luz, na Vila Madalena/SP tempos atrás (2017-2018).


No sonho ela estava em suas roupas mais comuns e simples, de casa...seus vestidinhos de malha fria (que ela usava após um banho). Eu a seguia, por um bairro bem humilde, como se eu fosse algum tipo de espiã...hehehe...mas o que são os filhos senão um pouco colões e espiões do que os pais estão a fazer...não é mesmo? Não tinha como ver meu corpo, para saber se eu era pequenina ou adulta...mas me sentia como a criança que outrora fui um dia...seguindo a mãe por onde ela andava dentro de casa.


Ela estava andando mais à frente e eu, pelas calçadas, me escondendo pra não ser vista por ela.

Ela entrou em uma casa bem humilde, em um bairro simples. Logo depois lá estava eu passando pela porta...mas a casa não tinha porta. No lugar existia apenas uma cortina de xita suja, já gasta, e estampada (em flores vermelho e folhas verdes) ali...na porta de entrada. Eu passava pela sala, pequena igual a sala da casinha onde moramos todos um dia em família, e me dirigia para um quarto à esquerda, porque intuitivamente já sabia onde ela estava.


Passei antes por um homem e um cachorro magro, mas feliz - com aquela carinha boa - deitadinho no chão ao lado de seu dono. O moço, na faixa de uns 40 estava deitado no sofá...vendo tv. Não sabia o que ele via, mas estava a vontade e tranquilo.


Ao chegar na porta do quarto - e este cômodo tinha uma porta de madeira...eu a vi. A porta não tinha fechadura...nem maçaneta, nem nada...apenas meio que um buraco ali no lugar...logo a porta não tinha como ser fechada...e pela fresta e buraco eu via o que se passava. Ali estava outro moço, este um pouco mais senhor que o da sala, sentado em uma cadeira, voltado para a janela...mas ambos morenos de cabelos encaracolados (descendentes da raça negra). Ele estava de costas pra mim. Mas minha mãe, esta estava ajeitando algumas coisas pelo cômodo, de costas pra mim também.


Quando ela se vira, ela estava sem os dentes. Ela costumava usar dentes postiços (a famosa chapa). E seu semblante foi o que mais me marcou. Séria. A serviço. Ela nitidamente estava ali para ajudar aquele senhor. E como num gesto de imposição de mãos ela começaria a orar e a cuidar daquele senhor. Eu, vendo que ela estava voltada pra fresta da porta entreaberta, percebi que poderia ser vista por ela a qualquer momento. Ela em nenhum momento dirigiu seu olhar para mim.


Doce ilusão a minha. Ela sabia que eu estava ali todo o momento. Eu que achava que estava escondida, estava revelada e à mostra. Como uma espiã do bem, tratei logo de cascar fora dali, pois não queria que ela me visse, não queria atrapalhar aquele processo em curso. Ao passar pela sala, vejo que a luz estava acesa...e eu, antes de passar pela cortina de xita, apaguei o interruptor. O moço tranquilão, acende de novo e me dá aquele olhar '43', como quem diz...'deixa essa luz acesa'. Engraçado que antes, ele não me viu...quando passei pra espionar aquela que seria minha mãe...mas ao sair ele me olha nos olhos...ele ME VÊ.


Acordei. Contei o sonho a meu esposo. Para mim era nítida a mensagem. Ela não estava perdendo tempo no plano espiritual. Ela estava trabalhando e muito. Trabalhando incessantemente. A serviço da caridade, dos pobres, dos menos favorecidos, dos humildes. A casa me passava ter paz, ter amor...a casinha humilde. Mas as pessoas dali também tinham problemas. Quem não os têm não é mesmo?


A mãe que outrora pensei ser MINHA no sentido da posse mesmo...não era mais minha...na verdade NUNCA FOI MINHA. Ela era do cosmos, do multiverso...ela era pura luz. Ela foi minha mãe por empréstimo...por 44 anos terrenos de minha existência atual no plano físico. O rosto que eu vi nela não era o rostinho meigo de minha mamãe em casa (no plano físico). Era o semblante de alguém desapegado das questões mundanas (dos dramas do mundo no sentido do apego - do meu, da minha...seja lá o que for)...era o semblante da compenetração com algo muito maior.


Não vou dizer a vocês que não pensei nesse dia, quando sonharia pela primeira vez com a minha mãe. Achei romanticamente que seria algo bem 'água com açúcar'. Regado a beijos e abraços e muitas declarações de amor mútuo, e muito chororô. Mas não foi. Foi um sonho prático, objetivo, talvez um pouco seco e cortante de tão escancarado. "Grande é a messe e poucos os operários". Esse trecho bíblico ressoa aqui dentro de mim. Ela estava imbatível em sua missão, como operária. Na messe de levar o bem, sem olhar a quem.


Mas a mensagem da caridade e do serviço ecoava em meu âmago, em meu ser, em todas as minhas células do corpo. O que é a gente parar de se preocupar conosco e passar a se voltar para outrem? O que é essa entrega? Essa doação? Esse serviço? Me ficou claro que ela estava ali não como uma pessoa pseudo superior...atendendo alguém pseudo inferior a ela espiritualmente. Me pareceu nitidamente que ela, que ajudava, era quem mais estava recebendo. Como uma via de mão dupla. E sei que isso é bíblico e está escrito em vários lugares. O amor que damos, recebemos. O bem que fazemos, volta de novo para nós. Fazer o bem, sem olhar a quem.


Conversando com meu esposo sobre o sonho, percebo que estamos todos aqui numa verdadeira MATRIX. Sim, aquela do filme hollywoodiano...e falava com meu esposo ainda pela manhã...marido, estamos todos emprestados uns para os outros...pra descermos nessa Matrix e vivermos um tempo. Que tempo é este, não sabemos. O que sabemos é que este tempo pode e deve ser melhor aproveitado, com entrega, doação, amor, benevolência, caridade, compaixão. Quando se perde esse tempo com brigas, e desgastes energéticos desnecessários, a impressão que temos é que não aprendemos a lição...não fizemos o dever de casa. Afinal...vida é escola. Cada dia aprendendo um bocadinho mais do que no dia anterior.


Se estamos emprestados uns aos outros, seja como marido e mulher, como pai e filho, como profissional em determinada agenda humana...a gente deveria se despir, se desvencilhar dessa Matrix. Acordar dela. No sonho me pareceu que fiz uma projeção? Que minha consciência teve a oportunidade de ir visitá-la? E que a Matrix definida foi apenas o bairro humilde a a casinha daquela família? A família é real e a casinha também? Não sei. Mas a nossa consciência pode viajar...transitar...e mais ainda...estar a serviço de algo maior. Mas podemos parar de ficar no drama. De permanecer nesses palcos da vida. E a gente pode se afastar disso tudo, mesmo que por um tempinho.


Daí a importância de práticas alternativas como Meditação, Tai Chi Chuan, Chi Kung, Yoga, entre tantas outras. Elas nos fazem voltar pra essa consciência e esse EU MAIOR em nós. Não somos essa novela de nossas vidas. Não somos os dramas e comédias. Somos luz em essência. E luz A SERVIÇO. Luz NA AÇÃO. Não na teoria. Porque teorizar - isso tem inúmeros e maravilhosos e majestosos escritores e poetas e sábios que o fizeram. Mas os grandes como Jesus nos falam da ação, Buda nos fala da ação. Pois a impressão que tenho é que o sonho veio...para me mostrar O PODER DA AÇÃO.


A porta de entrada com flores e mata, a porta com a maçaneta arrebentada e aberta...mostram pra mim que entre os mundos físico e espiritual não tem fechadura, não tem trinca, não tem barreira forte o suficiente que não se dê pra adentrar e penetrar. E a luz que apaguei mas que o moço veementemente voltou a acender como quem me diz com os olhos 'deixa essa luz acesa', significa que sim, mesmo que não acreditemos ou que não queiramos...a LUZ ALI ESTÁ. Ela se faz presente. SEMPRE HAVERÁ LUZ. SEMPRE HÁ. A iluminar os caminhos, escolhas, jornadas...A LUZ ILUMINA TUDO.


Depois desse sonho pesquisei sobre as pretas velhas, senhoras negras com extrema sabedoria que ajudam inúmeras pessoas. Na pesquisa me ative ao essencial: São espíritos que representam generosidade, amor, humildade e se apresentam sob a imagem de idosos...representa resignação, humildade, superação, amor incondicional, simplicidade e caridade...quando chegam, o ambiente é tomado por calmaria, paz e amor, transmitindo a todos a energia de luz e de sabedoria. Pesquisei sobre isto porque minha mãe estava com essa frequência no sonho. E pesquisei também sobre o que significa sonhar com alguém conhecido sem os dentes...o que me trouxe o convite para 'entender o porquê essa pessoa estar me fazendo falta, porque nos afastamos....que eu seja mais leve comigo mesma, pois autocobrança não é saudável e desgasta nossas energias, bem como nosso emocional'..."algo que “não cabe” mais não boca do sonhador, isto é, algo que precisa ser removido, gerando alívio.'


Podemos transitar entre esses mundos de forma consciente, ou inconsciente. Mas transitamos. Quando ouço Dr Sérgio Felipe de Oliveira nos falar que durante as 24h de um único dia, nosso consciente e inconsciente trabalham e que vivemos vários momentos de pequenos transes mediúnicos...é de se embasbacar. Somos seres energéticos o tempo todo...todo o tempo. A questão é como colocarmos essa mediunidade, sensibilidade, sensitividade a nosso serviço, ao serviço do bem, do amor e da paz.


Minha mãe física não está mais aqui. Mas o espírito que reside na Pátria Espiritual e que um dia aceitou o desafio de encarnar como minha mãe, este é eterno. Quem sou eu pra achar que ela me pertence...no sentido da posse. Nesse sentido, cada vez mais tem me chamado a atenção este céu, sob nossas cabeças.


O céu que o homem com todo o seu potencial de conhecimento sempre estuda e tenta desvendar. Desde áreas como a astronomia, a física, a astrologia, entre tantas...que seria injusto tentar abarcar todas aqui neste texto. A questão é: que céu é este? O que tem para além dele? Para além do que esses olhos físicos não vêem ainda?


Na formação em Tai Chi Pai Lin que fiz, no Espaço Luz, na Vila Madalena/SP, Jerusha Chang nos fala demais dos tesouros do céu - o sol, a lua, e as estrelas. Mas é impossível depois de um tempo praticando os treinos, não se pensar no que há para além do sol, da lua e das estrelas...as galáxias, a imensidão desconhecida, os seres de luz que porventura ali existam...nesta vasta imensidão.


Quando nos conectamos com o céu, nos treinos, é muito interessante como tudo o que há de terreno parece mais passageiro, mais pueril, como a poeira cósmica. Ao conectarmos com o céu, tudo o que é mundano perde um pouco o sentido de relevância, frente a essa vastidão, a esta imensidão.


Agradeço a oportunidade de ter sonhado com a consciência daquela que um dia foi minha mãe neste plano físico. Gratidão eterna.


E o céu produz maravilhas. Estou para me tornar titia...de minha linhagem terrena...e o céu prepara presentes o tempo todo para nós. Estejamos abertos a esses presentes divinos! A meu irmão e cunhada...nossos corações estão em festa nesta espera vinda do céu!


Maria Vitória é o nome dela...cuja santa que tem seu nome coincidentemente foi uma das fundadoras da Ordem as Irmãs da Anunciação Celeste! O céu não pára!





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