Lemniscata. A primeira vez que ouvi esta palavra foi na formação em Tai Chi Pai Lin no Espaço Luz, na Vila Madalena-SP proferida pela mestra Jerusha Chang. É o que se nomeia como infinito...o famoso oito deitado. Hj fecho 44 voltas ao redor do sol...44 primaveras, 44 anos. 4+4=8...a lemniscata.
Pensei em fazer uma lista de 44 razões para ser grata, etc e tal...como acontece em todo balanço de virada de ano em nós humanos. Mas quando fui buscar o significado da lemniscata percebi que seria preciso ser no mínimo equânime com a dualidade yin e yang, reunindo 22 motivos para agradecer e 22 motivos para me sentir desafiada a superar, dificuldades e incertezas ou motivos que não seriam exatamente para agradecer para para superar...seria uma conta quântica mais "justa".
Lemniscata significa Infinito, a forma do que não tem fim. Esse símbolo mexe com os conceitos de tempo e espaço, que se mixam o tempo todo...sem definir o que foi, o que é e o que será. Nesse 'oito deitado'...as posições são dinâmicas e, de repente, o que já foi, é, e o que será, já terá sido. E não é que um dia nos percebemos criança e em outro um adulto? Com certeza com 44 anos percebo-me exatamente como Jerusha nos fala nos cursos e módulos...'no outono da vida, nos percebemos meio homem, meio fantasma'...quanta clareza tenho de que é exatamente isso que sentimos...não meramente de nos vermos como fantasmas enquanto mortos...mas de nos vermos dialogar cada vez mais com o invisível, com o Tao, com o Inominável...como em um processo de buscarmos um retorno à Grande Fonte.
E sem querer ser redundante porém sendo...uma certeza é certa: não controlamos ABOLUTAMENTE NADA. Nesse mix de tempo e espaço, de um dia sermos uma criança que mama e no outro estarmos com um dos filhos adentrando a pré-adolescência, o que temos como permanente é a própria impermanência em si mesma...envolta e embalada nas curvas sinuosas de uma lemniscata. Entra em cena a ACEITAÇÃO de tudo aquilo que não podemos compreender, controlar, conter, manter...segurar...ou fazer perdurar...de tudo aquilo que de fato também faz parte de nós. Somos filhos da Terra e para ela retornaremos como adubo...e que eu possa ser um BOM ADUBO um dia...para plantinhas e seres pequenos e microscópicos. Pois meu espírito, como o de todos os seres, sei que este é filho do Céu. Sim somos todos seres celestes. Temos esse sol, essa luz interior dentro de todos nós. E essa luz de ouro que habita o TUDO...habita também o NADA.
O nada originou o tudo. Mas o nada em si mesmo não é vazio, em seu aspecto de desprovimento. O vazio, enquanto Tao, contém tudo de mais sutil, exatamente o que precisamos como ALIMENTO para estarmos aqui enquanto seres sensíveis às coisas do espiritual. O vazio contém uma Energia Primordial Criadora e renovadora de tudo e de todos. Essa fonte é inesgotável. Essa fonte é a que verdadeiramente não seca...como o seio eterno da GRANDE MÃE. Essa fonte está para além da fonte da juventude, pois é a fonte que conduz à iluminação.
A lista, meio yin e meio yang...meio luz e meio sombra...brotou e o desafio é permanecer no centro, na raiz de energia, no meu tai chi interno e seguir a jornada que só termina como ser humano nesta existência terrena...mas que é uma jornada eterna como espírito eterno. O segredo, tenho um leve pressentimento de que seja soltar...deixar fluir.
22. agradecimentos: minha mãe viva, meu pai vivo, ter irmã e irmão, a vida do meu esposo, a luz do nosso casamento, o dom da vida do filho mais velho, o dom da vida do filho caçula, uma sogra-mãe, um sogro-pai, meu cunhado, minha concunhada-irmã de alma sensível e meu afilhado; meu outro concunhado, minha outra concunhada e minha sobrinha moça; meu trabalho, os amigos que esta vida me trouxe, os tesouros do céu (o sol, a lua, as estrelas), os tesouros da terra (o fogo, a água e o vento), os animais, as plantas. Por tudo agradeço ao TAO.
22. desafios: superar o medo da perda (física de minha mãe, meu pai, minha sogra-mãe e meu sogro-pai); continuar combatendo a insônia e a ansiedade com os treinos; nunca perder a alegria pela vida; nunca perder a fé em mim mesma; ser uma mãe que deixe filhos sensíveis às questões deste mundo; permanecer sendo a 'metade da laranja' do meu amor; nunca abandonar qualquer prática corporal de auto-cura como tai chi, chi kung e yoga; não desistir de chegar 'lá' com a meditação; encontrar amor no trabalho; não abandonar o feminino que habita em mim (incluindo todos os auto-cuidados que só as meninas entendem); nunca parar de fazer dobraduras/origami; cultivar um tempo comigo mesma (corpo e alma); que as escolhas de hoje sejam as do coração e da consciência e lá na frente eu colha isto; de não relaxar e viver o agora; mania de perfeccionismo; de não superar a dificuldade de fazer amigos depois de uma certa idade; nunca me afastar dos amigos-irmãos que a vida me trouxe; não parar de escrever nunca; continuar aplicando reiki a quem amo e a quem me pede; saber dizer 'não'; desenvolver a arte de 'não agradar sempre'; nunca deixar de cultivar mente vazia (dos pensamentos) e coração sereno (das emoções) fazendo a compostagem da euforia para o respeito, da preocupação para a fé, da tristeza para a justiça, do medo para a sabedoria e da raiva para a compaixão, nunca deixar de proferir a oração da luz de ouro.
E que venham essas e/ou muitas outras infinitas possibilidades!!!!
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