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confiança, fé

  • Foto do escritor: Sandra Tavares
    Sandra Tavares
  • há 3 horas
  • 5 min de leitura

Eu não sonho com a minha mãe e meu pai tem muito tempo. Acredito nos sonhos e seu poder de comunicação. Os sonhos falam. As almas se comunicam. Mas tem muito tempo que isso não acontece, não que eu me lembre. Mas um desses dias sonhei comigo, Joana e minha mãe. Muito louco o sonho porque eu estava dentro de uma casa, Joana aparentemente era uma menina de seus 10/12 anos no máximo e mamãe era uma mulher bem jovem, como das fotos de quando se casou, ali por volta dos 20 e poucos anos.


A gente morava em uma região que parecia ser um balneário, tipo casa de sapê simples na beira da praia. E eu estava com elas dentro desta casa, quando tive uma sensação, como dessas pessoas intuitivas e conectadas com Gaya, a Mãe Natureza, de que algo estava vindo sem saber ao certo o que era exatamente.


Pego e corro até elas, dou a mão pra cada uma e saio correndo de dentro dessa casa. Juntas, de mãos dadas saímos correndo as três atravessando a areia complicada de correr (só quem tenta correr na areia sabe como é), os pés escorregando e afundando na areia, tentando ganahr velocidade sem conseguir. E ao longe uma avalanche se pronunciando. O que vinha não era um água, era uma avalanche de areia. A gente corre, corre, até infelizmente sermos soterradas pela areia. Fim.


Mamãe era uma jovem mulher, Joana uma criança e eu a adulta, mas não na idade em que estou agora (48). Dava pra perceber que eu era mais velha que elas, sem saber exatamente o quão. O sonho fala de uma maternagem, de um cuidar de outras pessoas, fala de um soterramento, de uma falta de ar. O sonho fala de correr, tentar se salvar, e mais ainda, salvar todas. Mas o sonho fala dessa determinação divina do 'acabou'. Intuir, correr, fim. O sonho fala de um coletivo feminino. O sonho traz as mulheres da minha vida. Quando éramos três fomos unidas. Agora que somos duas nos matemos unidas. Minha mão apenas mudou de frequência. De estação.


Estou assistindo o remake de Vale Tudo - a novela. Adorando ver negras mulheres como as protagonistas centrais da trama - como mãe e filha. Relembrando a mensagem da novela, que de 88 pra cá permanece tão atual. Valores, ética, fazer o certo mesmo que ninguém esteja vendo. Tão atual nesse Brasil de extremismos.


E adentrando o mundo da adolescência estou vendo 13 Reasons Why, série que traz temas bem complexos da juventude atual, como suicídio, bullying, a tal confiança entre os pares. O jovem quer confiar, quer contruir vínculos, mas nem sempre a receita dá certo. Alguns aprendem e seguem. Outros sucumbem e adoecem. Alguns adoecem tanto que se matam. A série aborda os terrores de qualquer mãe, a violência sexual entre jovens e o uso de drogas.

Vces já perceberam que a salada mista tá grande nesse texto. Sonho, novela, série sobre adolescência.


Mas ter um adolescente em casa é revisitar a adolescente que fui. Quando ouço Gabriel (meu filho de 15 anos) cheio de argumentos e de assuntos a falar...e a expor sua opinião, revejo a Sandra de 15 anos, a que tinha acabado de ganhar seu relógio foleado a outro de aniversário e um pedido de desculpas do pai porque não poderia fazer uma festa de 15 anos: essa tradição de apresentar a moçinha socialmente. Eu na época não sonhava mesmo com a tal festa. E fiquei bem feliz com o relógio que tenho até hoje.


Mas essa Sandra era quieta, contida, falava pouco, tímida, escrevia muito em cadernos ou diários, e gostava de ficar no quarto. E se tivesse que falar em público - as homilias da igreja quando não tinha missa com padre - era a oportunidade para o laboratório de vencer a timidez, usar a voz, falar.


Adorava as cartas de São Paulo aos Coríntios. Por quê? Na época elas me pareciam encantadoras. Tenho que revê-las para ver se permanecem. 1a Carta e 2a Carta.


Dentro de casa sim, falava bem. Trocava altas ideias com os mais íntimos, meu pai e minha mãe, sobre Deus, espiritualidade, dúvidas sobre a vida adulta. Eles respondiam tudo e trocavam tudo lindamente. Minha casa não era cheia, pois a adolescente não levava muita gente pra casa. Mas meus pais sabiam quem eram os meus amigos - seja na escola, na rua, na igreja ou no bairro.


A novela - o remake - assisti-la me faz retornar a um tempo. Quando essa novela aconteceu no Brasil em 88 eu tinha 11 anos de idade. Guria total. Mas assim como Pantanal (1990), Vale tudo (1988) foi o acontecimento. Todos se reuniam pra assistir e debater os temas ali tratados. Estou com um guri em casa indo pra essa idade e vejo nitidamente a desimportância dos brinquedos, a despedida da infância e a descoberta de outros interesses.


Meus dois filhos já saíram oficialmente dessa tenra infância. Um adentra mais fortemente o caminho pra vida adulta a partir do ensino médio - tempo de diferentes experiências. O caçula já trocou os bonecos e lego por games e gibis. Daqui a 2 anos é um pré-adolescente.


Na conta do Tempo começa a sobrar espaço pra caminhar mais, mais práticas taoistas, pilates, estudar MTC. Sobra mais tempo pra mim, pro casal. Os vãos começam a se ampliar, mesmo no caldo do dia a dia espremido entre trabalho, preparar comida, lavar roupa, faxina, e levar João pra lá e pra cá (inglês, jiu-jitsu, matemática, escola).


E esse tempo começa a se esticar e esticar mais e mais. E toda mãe tem que caçar o que fazer, pois os filhos são aqueles que voam. Eu voei. Meus filhos tbm voarão.


Khalil Gibram fez um poema muito especial pra mim, que fala do arco e da flecha...do vôo, dos filhos e da maternidade.


O Dia das Mães é o clichê comercial de um calendário em que aboslutamente todos os dias as mães têm que exercitar amar mas junto com esse amor incondicional...o soltar, o desapegar, o deixar fluir, o deixar seguir e SEGUIR TAMBÉM.

Desejo a todas as mães que o seguir de cada uma seja bom, com confiança e fé.

Eu confio.

Eu tenho fé.


E para quem não tem a mãe física, a Mestra Jerusha Chang nos convida a buscar a Mãe Natureza.

A GRANDE MÃE.


Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.

Vêm através de vós, mas não de vós.

E embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã,

Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força

Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.

Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:

Pois assim como ele ama a flecha que voa,

Ama também o arco que permanece estável.

Poema de Khalil Gibram

 
 
 

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